Saúde
Agosto: mês de conscientização contra o tabagismo
por Giana Cunha
O câncer de pulmão deve registrar, no país, 14 mil novos casos em mulheres e outros 18 mil em homens. É o que aponta o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os dados mostram que a Região Sul tem maior incidência da doença e há uma relação direta com o tabagismo. O Agosto Branco lembra o quanto desafiador é esse cenário e se dedica à conscientização e prevenção.
A Fundação do Câncer afirma que se mantido o atual padrão de consumo de tabaco, a neoplasia no Brasil deve crescer 65% e a mortalidade 74% até 2040. Conforme o estudo, o hábito de fumar é mais intenso no Sul do Brasil e a região é a que apresenta a maior incidência, tanto em homens, aproximadamente 24 novos registros a cada 100 mil habitantes, quanto em mulheres, com cerca de 15 casos para cada 100 mil. A média nacional é de 12 e nove ocorrências por 100 mil habitantes, respectivamente para os sexos.
Outro dado preocupante foi apontado pela pesquisa do Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), o qual revelou que a incidência de cigarro eletrônico mantém a tendência de crescimento no país. A pesquisa indica que houve aumento na experimentação entre os fumantes. Realizado no segundo semestre de 2023, o trabalho constatou que já são cerca de 2,9 milhões de usuários de vapes.
De acordo com o oncologista clínico Tiago Giordani Camícia, não há um método de rastreio adequado para a prevenção do câncer de pulmão, diferentemente da mamografia, que auxilia no diagnóstico precoce do câncer de mama e assim reduzindo a mortalidade. Mas, atualmente, novas evidências científicas e estudos demonstraram que a tomografia computadorizada do tórax, com baixa dosagem de radiação, é capaz de identificar precocemente nódulos suspeitos e, com o diagnóstico em estágios iniciais, contribuir para diminuição da mortalidade do câncer de pulmão.
De acordo com as novas recomendações, é importante indicar esse exame aos pacientes tabagistas ativos, ou que tenham deixado de fumar nos últimos 15 anos, com idade entre 50 e 80 anos e com um consumo de no mínimo 20 maços/ano. O cálculo é feito levando em conta o número de maços/dia multiplicado pelos anos de tabagismo - ou seja, um paciente que fuma uma carteira/dia por 20 anos e assim em diante. Para esses indivíduos, o conselho é a realização anual da tomografia de tórax que permite a descoberta em fases mais iniciais. “Nesses estágios, é possível atingir taxas de sobrevida de 80%. Infelizmente, no Brasil, o diagnóstico do câncer de pulmão é mais comum em estágios mais avançados, quando a doença tem uma taxa de sobrevida de apenas 15-20% em cinco anos”, complementa.
Em relação ao tratamento, o profissional aponta que novas medicações, como a imunoterapia, com medicamentos que estimulam o sistema imune a combater o câncer, já são utilizadas em pacientes em estágios avançados, e pode ser indicada isoladamente ou em combinação com a quimioterapia. Mas reforça: “O tratamento oncológico é algo extremamente individualizado. Portanto, nem todo paciente vai ter indicação de receber imunoterapia”.
A doença
O consumo de cigarro está intimamente relacionado a diversos outros tipos de neoplasias, como de boca, esôfago, pâncreas, rim, bexiga além do câncer de pulmão. Assim como doenças cardiovasculares como infarto e AVC, e pulmonares como o enfisema. É uma das principais causas de impotência sexual e está relacionado à infertilidade, osteoporose e catarata.
O oncologista relata que, mesmo não sendo fácil, "é importante tentar convencer o fumante a parar de fumar”, destaca. E lembra que há diversas estratégias para quem quer cessar o tabagismo, e, inclusive, políticas públicas voltadas a essa finalidade. O câncer de pulmão é um dos tumores malignos mais recorrentes e possui sintomas como tosse, dispneia (falta de ar), dor torácica, perda de peso, cansaço e presença de sangue no escarro.
Orientações
Abandone o cigarro: o tabagismo é responsável pela imensa maioria dos casos de câncer de pulmão;
Se você fuma ou fumou por mais de 10 anos, deve fazer raios-X de pulmão ou uma tomografia a cada um ou 2 anos;
Evite a exposição a agentes químicos, ou metais pesados, como asbesto, arsênico, entre outros.
Procure orientação do seu médico de confiança ou de uma Unidade Básica de Saúde.