Saúde
Infecção pelo HPV é fator de risco para câncer de cabeça e pescoço
por Giana Cunha
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que cerca de 39.550 novos casos de câncer na região da cavidade oral devem ser diagnosticados em 2024. A doença oncológica pode ser tratada e controlada, desde que com detecção precoce. Foi assim que surgiu a campanha de alerta Julho Verde.
A contaminação pelo HPV é fator de risco importante para câncer de cabeça e pescoço e pode contribuir especialmente para o desenvolvimento de tumor na região da cavidade oral, que engloba a língua, as amídalas e a garganta.
O médico Tiago Giordani Camícia, oncologista e responsável técnico da Kaplan/Oncoclínicas em Uruguaiana pontua que: “Antigamente os tumores de cabeça e pescoço eram mais prevalentes em pessoas idosas, etilistas e tabagistas. Nos últimos anos, o vírus HPV (papiloma vírus humano) tem contribuído para maior incidência em jovens”.
A principal forma de infecção, em ambos os sexos, é a prática do sexo oral desprotegido e de relações sexuais com múltiplos parceiros. Por isso, o principal meio de evitar o contágio pelo HPV é o uso do preservativo. “Outra forma, indicada principalmente para prevenir o câncer de colo do útero, bem como as neoplasias de cabeça e pescoço em potencial, é a vacina contra o HPV, especialmente em meninos e meninas”, orienta o oncologista.
Um estudo apresentado no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), realizado em junho em Chicago (EUA), reforçou a importância da vacinação. O trabalho mostrou que a vacina pode ser eficaz em outras neoplasias provocadas pelo vírus. Os dados revelam que, principalmente nos homens, o imunizante também atua na prevenção de tumores de cabeça e pescoço. O estudo analisou indicadores de aproximadamente 5,5 milhões de pessoas, sendo que cerca de 950 mil tinham recebido a vacina do HPV entre 2006 e 2008. Os homens vacinados apresentaram um risco 56% menor deste tipo de câncer.
A vacina contra o HPV está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos na faixa de nove a 14 anos. Para grupos especiais, como os indivíduos que vivem com HIV/Aids, pessoas submetidas a transplantes de órgãos sólidos/medula óssea e pacientes oncológicos, a faixa etária é mais ampla (nove a 45 anos para mulheres, e nove a 26 anos para homens). Para os casos de imunossupressão, é necessário apresentar prescrição médica. É válido citar que as chances de desenvolver câncer de cabeça e pescoço também podem ser consideravelmente reduzidas ao evitar o consumo de álcool e de tabaco, e manter adequada higiene bucal.
Prevenção e sinais de alerta
{AD-READ-3}O médico ressalta ainda que os principais sinais de alerta são manchas brancas ou avermelhadas e feridas na boca que não cicatrizam em duas semanas, sensação de corpo estranho, como um espinho na garganta, dificuldade ou dor para mastigar ou engolir, bem como nódulo no pescoço e alterações na voz ou rouquidão por mais de 15 dias.
No entanto, como esses sintomas também são causados por outras condições clínicas, o especialista frisa que é importante conversar com o médico para uma melhor avaliação. Com a detecção precoce e tratamento do câncer, o índice de cura nos casos iniciais da neoplasia nessa região pode chegar a 90%, conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.