Segurança
Em protesto, delegados não divulgam informações sobre operações
por Rochele Barbosa
Uma mobilização desencadeada pela Ugeirm, sindicato que representa os servidores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, orientou agentes a ocuparem a frente de delegacias e dialogarem com a população explicando. A iniciativa, que busca reajuste salarial, resultou, ainda, em uma pausa das manifestações de delegados à imprensa, quando procurados para comentarem a respeito de operações e investigações em curso - o que atingiu Bagé.
Conforme a Ugeirm, os policiais civis de Porto Alegre e da Região Metropolitana se mobilizaram na Praça da Matriz, sexta-feira, 19, para acompanhar a votação do projeto do Governo do Estado e pressionar os deputados estaduais a aprovarem mudanças que garantam o aumento do índice e o pagamento do reajuste ainda nesse ano.
O presidente da Ugeirm, Isaac Ortiz, frisa que 'esse é o momento para pressionar os parlamentares, para que se faça justiça com os servidores da segurança pública'. "As nossas perdas já chegam a mais de 70%, desde o início do primeiro mandato do atual governo. Por outro lado, demonstramos a importância do nosso trabalho em momento fundamentais, como na Pandemia do Coronavírus e durante a catástrofe das enchentes de maio deste ano. Além disso, somos os responsáveis pelas sucessivas quedas nos índices de violência, que chegaram aos menores índices da história. Vamos às ruas, mostrar para a população o valor do nosso trabalho e o descaso do governo com a segurança pública", argumentou ao justificar a mobilização.
Medidas adotadas por delegados
A proposta do Governo do Estado de recomposição de 12% em três parcelas pagas até 2026 revoltou os policiais e, principalmente, os delegados e delegadas de polícia. Após Assembleia, realizada dia 16, a classe dos Delegados e Delegadas de Polícia decidiu adotar uma série de medidas como protesto, buscando sensibilizar o Palácio Piratini a melhorar a proposta.
Segundo o presidente da Asdep, delegado Guilherme Wondracek, os servidores da segurança pública são os que mais entregam para a sociedade. “Os indicadores da Segurança Pública do RS nunca foram tão bons. Os números demonstram que mês a mês houve redução no roubo de veículos, latrocínios e homicídios, além de combate a facções e apreensões recordes de drogas. Pergunto: essa é a valorização que o Governo entende que nos cabe?”, questiona.
Como forma de protesto, foi estabelecido que nenhum Policial Civil deverá deslocar-se sem o pagamento antecipado de diárias, quando cabível conforme art. 97 da Lei 10.098 de 1994; que os agentes não deverão realizar atividades sem a respectiva compensação; que em caso de insuficiência no pagamento de horas-extras, a hora extraordinária não paga será compensada com folga, mediante requerimento; que delegadas e delegados de Polícia não concederão entrevistas e ficarão suspensas as postagens em redes sociais sobre o trabalho policial em geral, especialmente sobre investigações, operações e quaisquer cumprimentos de mandados ou dados estatísticos; e, ainda, nenhum Delegado de Polícia ministrará aulas na ACADEPOL, nos cursos de formação e aperfeiçoamento - nos que estiverem em andamento, os deve ocorrer a suspensão imediata da prática de docência.