Saúde
Leite Materno, vida em cada gota recebida
por Giana Cunha
Dados consolidados de 2023 mostram que o Ministério da Saúde registrou a doação de 253 mil litros de leite humano a partir da ação de 198 mil mulheres. Com isso, 225,7 mil recém-nascidos foram diretamente beneficiados
O Dia Mundial da Doação de Leite Humano foi celebrado no dia 19 de maio. O alimento é unanimidade e fundamental no início da vida da criança. O leite protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias, reduz em 13% a mortalidade em crianças menores de 5 anos. Também reduz o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta.
O Ministério da saúde divulgou dados referentes a 2023, em que os registros de doação de leite humano no país chegaram a 253 mil litros, a partir da ação de 198 mil mulheres. Com isso, 225.762 recém-nascidos foram diretamente beneficiados. O número é 8% maior do que o registrado em 2022 e representa 55% da real necessidade por leite humano no Brasil.
Bagé tem Banco de Leite Humano. Você sabia?
Bárbara Palma, que é nutricionista responsável pelo Banco de Leite em Bagé, conta que o espaço, que funciona na Santa Casa de Bagé, foi inaugurado em agosto de 2008. As doações de leite materno podem ser feitas por toda mãe que está amamentando, com boa saúde e tem leite excedente. Para doar, o primeiro contato é para orientação, depois cadastro no próprio local. As doadoras podem extrair o leite em casa e entregar no Banco em até 10 dias.
A importância da doação de leite para prematuros internados na UTI Neonatal é que possuem mais chances de recuperação e de reduzir o tempo de internação, diminuir as possibilidades de complicações, como infecções, e reinternação pós-alta. O LM é composto por nutrientes e fatores imunológicos capazes de proteger todas as crianças de várias doenças.
Incentivo
Para incentivar ainda mais as doações, foi lançada uma campanha nacional, em 6 de maio, intitulada “Doe leite materno: vida em cada gota recebida”. A meta para 2024 é ampliar mais 5% a oferta de leite materno a recém-nascidos internados nas unidades neonatais do país. Estima-se que a cada ano 340 mil bebês brasileiros prematuros ou de baixo peso nasçam no País, o que corresponde a 12% do total de nascidos vivos.
A Campanha Nacional de Incentivo ao Aleitamento, em 2024, também terá foco no apoio à mulher trabalhadora que amamenta. O Ministério da Saúde estimula e certifica empresas que mantêm salas de apoio à amamentação seguindo diretrizes nacionais. Atualmente, são 274 salas certificadas em todo o país. O espaço permite a coleta e o armazenamento de leite por mães trabalhadoras, além de ser ponto de apoio e conforto para lactantes com seus bebês.
{AD-READ-3}Em 2023, a pasta anunciou que as salas vão integrar o projeto das novas Unidades Básicas de Saúde e um projeto piloto está implementando salas de apoio à amamentação em unidades já em funcionamento, começando em cinco estados: Pará, Paraíba, Distrito Federal, São Paulo e Paraná.
Principais componentes
- O leite materno é composto por milhares de células vivas, como glóbulos brancos, essenciais para fortalecer o sistema imunológico e células estaminais, que tem como função, promover o desenvolvimento e a regeneração dos órgãos;
- Proteínas, que somam mais de mil tipos distintos, todas elas importantes para o desenvolvimento do bebê, além de ativar o sistema imunológico e proteger os neurônios;
- Mais de 20 tipos de aminoácidos, entre eles os chamados nucleotídeos, que são responsáveis pelo sono após a amamentação;
- Contém mais de 200 açúcares, chamados de oligossacarídeos que agem como prebióticos, resultando na produção das chamadas “bactérias boas”. Esses açúcares ainda protegem o bebê contra infecções que podem chegar a corrente sanguínea, desse modo, diminuindo o risco de inflamação no cérebro;
- As enzimas são substâncias catalisadoras que aceleram as reações químicas no organismo, e o leite materno contém mais de 40 delas. Essas enzimas ajudam na digestão do bebê e fortalecem o sistema imunológico, promovendo uma melhor absorção de ferro;
- Substâncias responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento do bebê, que tem efeito em várias partes do organismo, tais como intestino, vasos sanguíneos, sistema nervoso e as glândulas;
- Hormonas, que são substâncias químicas que ajudam para que os órgãos e tecidos trabalhem corretamente. Algumas delas ajudam a regular os níveis de apetite e influenciam nos padrões de sono do bebê;
- Vitaminas e minerais, que são os nutrientes fundamentais para o crescimento, desenvolvimento e funcionamento dos órgãos, além de contribuírem para a formação dos dentes e ossos;
- Vários tipos de anticorpos, que protegem o bebê contra doenças e infecções, e neutralizam bactérias e vírus nocivos;
- Ácidos graxos que são essenciais para o bom desenvolvimento do sistema nervoso, contribuindo para o desenvolvimento do cérebro e da visão.