Saúde
Vacinação contra o HPV passa a ser em dose única
por Giana Cunha
HPV é a sigla em inglês para Papilomavírus Humano, ou Human Papiloma Virus. Eles são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 150 tipos diferentes, dos quais 40 podem infectar o trato genital. Destes, 12 são de alto risco e podem provocar câncer e, outros, causar verrugas genitais.
A vacina contra HPV está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) e é usada na prevenção do câncer de colo do útero. A aplicação quadrivalente foi incorporada ao Calendário Nacional de Vacinação do país em 2014.
E foi neste ano que o Ministério da Saúde atualizou o esquema de vacinação e adotou a dose única. A estratégia busca intensificar a proteção contra o câncer de colo de útero e outras complicações associadas ao vírus e permite dobrar a capacidade de imunização com o estoque atual da pasta.
Por que?
A partir de agora, o esquema será em dose única, substituindo o antigo modelo em duas aplicações. Com isso, o Ministério praticamente dobra a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país. A ideia é intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao vírus.
O principal objetivo é aumentar a adesão à vacinação e ampliar a cobertura vacinal, visando eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública. A recomendação da dose única foi embasada em estudos com evidências robustas sobre a eficácia do esquema frente às versões com duas ou três etapas. Além disso, o esquema segue as recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
A vacina tem como objetivo proteger contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças que estão diretamente relacionadas ao HPV. A definição da faixa-etária para a vacinação visa a proteger as crianças antes do início da vida sexual e, portanto, antes do contato com o vírus.
A Organização Mundial da Saúde lançou em 2020 a Estratégia Global para a Eliminação do Câncer do Colo do Útero e, pela primeira vez, 194 países se comprometeram em eliminar a neoplasia. O Brasil é um dos signatários dessa estratégia e tem como meta imunizar com a vacina HPV 90% das meninas de até 15 anos de idade; realizar exames de rastreio em 70% das mulheres, primeiro aos 35 e depois aos 45 anos; e fornecer tratamento adequado a 90% das mulheres diagnosticadas.
Quem pode se vacinar?
- Adolescentes (meninos e meninas) de 9 a 14 anos;
- Vítimas de abuso sexual;
- Pessoas que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos com idade entre 9 e 45 anos.
Como prevenir o câncer do colo de útero?
Dados do Instituto Nacional de Câncer mostram o câncer de colo do útero, no Brasil, como o terceiro tumor mais frequente na população feminina. Por ano, são cerca de 17 mil novos casos e quase 7 mil óbitos. Apesar de evitável, a doença é considerada problema de saúde pública mundial, particularmente em países menos desenvolvidos. No mundo, é o quarto tipo de câncer mais comum entre mulheres. Nas Américas, é a causa da morte de 35,7 mil mulheres – sendo 80% dos casos na América Latina e no Caribe.
A principal causa da doença é a infecção sexualmente adquirida com certos tipos de papilomavírus humano (HPV). Dois tipos de HPV (16 e 18) causam 70% dos cânceres do colo do útero e lesões pré-cancerosas. Também há evidências científicas de que o HPV é a infecção viral mais comum do trato reprodutivo e que está relacionada aos cânceres do ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a maioria das pessoas sexualmente ativas será infectada em algum momento de suas vidas.
Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional da Infecção pelo HPV (POP Brasil) realizado em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal – que incluiu homens e mulheres entre 16 e 25 anos de idade – identificou taxas de prevalência de 52,3% a 63,5% de qualquer tipo de HPV, e taxas de HPV de alto risco de 39,8% a 53,1%.
Para prevenção e controle do câncer do colo do útero, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma abordagem integral, com ações ao longo da vida e enfoque multidisciplinar. Contudo, a prevenção primária é a vacinação contra o HPV em adolescentes, antes de se tornarem sexualmente ativos.
Recomendações
Educação sobre práticas sexuais seguras, incluindo o adiamento no início da atividade sexual;
Promoção do uso e fornecimento de preservativos para as que já tiveram atividade sexual;
Advertências sobre o uso do tabaco, fator de risco para o câncer de colo de útero e outros cânceres;
Para mulheres sexualmente ativas a partir dos 30 anos, a realização de exames periódicos que detectam células anormais ou lesões pré-cancerosas no colo do útero.
Fonte: Ministério da Saúde