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Região

Após descoberta de fóssil de predador mais antigo que dinossauros, região entra na rota de pesquisa

Próxima etapa de campo deverá ser feita na estrada que liga Bagé a Aceguá

Em 16/09/2023 às 20:24h
Lucas Machado

por Lucas Machado

Após descoberta de fóssil de predador mais antigo que dinossauros, região entra na rota de pesquisa | Região | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Fóssil do Pampaphoneus biccai foi exposto no domingo passado | Foto: Felipe Pinheiro/ReproduçãoJM

Pesquisadores do Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) apresentaram, no domingo, dia 10, o crânio completo e partes do esqueleto, tais como costelas e ossos do braço do mais antigo grande predador terrestre da América do Sul. Após a descoberta de um Pampaphoneus biccai há mais de dez anos na zona rural da cidade de São Gabriel, na Fronteira Oeste, um segundo indivíduo da mesma espécie foi coletado por paleontólogos da Unipampa. O Pampaphoneus viveu pouco antes da maior extinção que a vida na Terra já testemunhou, há 250 milhões de anos - quase 90% de toda a vida no planeta foi dizimada.

Em comunicado, o autor principal do artigo científico, Mateus Santos (Unipampa), relatou que a coleta demorou um mês de trabalhos quase diários em campo. “O fóssil foi encontrado em rochas do Permiano médio, em um local onde os ossos não são tão comuns, mas que sempre guardam gratas surpresas. Encontrar um fóssil como esse envolve sempre muito esforço”, conta.

O mais recente exemplar descoberto de P. biccai supera em tamanho o primeiro espécime encontrado. Devido ao seu estado de preservação, o crânio do novo bicho forneceu informações inéditas de como era o predador. O paleontólogo e professor da Unipampa, que coordenou as equipes de pesquisa, Felipe Pinheiro, contou em comunicado que o Pampaphoneus. “Tratava-se do maior predador terrestre que conhecemos para o Permiano na América do Sul. O animal possuía dentes caninos grandes e afiados, adaptados à captura de presas. Sua dentição e arquitetura do crânio nos sugere que a mordida era forte o suficiente para mastigar ossos, assim como fazem as hienas de hoje em dia“, explica.

“É muito bom também ver que o esforço foi recompensado, porque a gente conseguiu produzir um trabalho científico de altíssima qualidade, a gente conseguiu publicar em um periódico científico extremamente conceituado e é bom ver que esse material finalmente foi a público”, relatou Pinheiro ao JM. O artigo descrevendo o novo fóssil foi publicado na revista científica internacional Zoological Journal of the Linnean Society.

Os pesquisadores também estimam que os maiores exemplares de Pampaphoneus poderiam pesar cerca de 400 quilos e chegar a quase três metros de comprimento. Era um predador hábil, capaz de se alimentar de animais de pequeno a médio porte. Na mesma localidade em que o fóssil foi descoberto, algumas de suas potenciais presas também já foram apontadas, como o pequeno dicinodonte Rastodon e o anfíbio gigante Konzhukovia. 

Perspectiva pós-pesquisa

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Felipe Pinheiro contou, ao JM, que já existem pesquisas ativas na região da Campanha, em Dom Pedrito, especialmente na localidade de Cerro Chato. O professor complementou dizendo que tal localidade é fossilífera, ou seja, um terreno onde se encontram fósseis de animais ou vegetais. 

“Naquela estrada na rodovia que vai de Bagé até Aceguá, tanto próximo a Bagé, quanto mais próximo de Aceguá, ocorrem as mesmas rochas das quais a gente encontrou o Pampaphoneus aqui em São Gabriel”, conta Pinheiro, que ainda finaliza dizendo que a próxima pesquisa de campo será coletar e prospectar fósseis nesta região.

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