Segurança
Trio é condenado por atear fogo em jovem em Bagé
por Rochele Barbosa
Péter Simon Lopes, de 26 anos, Willian Lima Gonçalves, de 24, e Éderson Eliezer Veloso Gularte, de 32, foram condenados, nesta terça-feira, dia 5, pelo júri popular realizado no Fórum da Comarca de Bagé, pela morte de Iago de Freitas Arrieira, de 21 anos, na madrugada de 7 de abril de 2018.
Lopes foi condenado a 18 anos de reclusão em regime fechado, Gonçalves a 16 anos e Gularte a 17 anos. Todos já estavam presos, preventivamente, no Presídio Regional de Bagé (PRB).
Na denúncia, consta que os três réus e a vítima encontravam-se reunidos na casa de Gonçalves, localizada na Rua Kalil A. Kalil, Bairro Stand, momento em que a vítima chegou ao local, passando todos a ingerir bebida alcoólica e a consumir drogas. Em ato contínuo, de acordo com a acusação, os denunciados, agindo previamente conluiados e ajustados, após agredirem o ofendido, ataram seus pés e mãos, enrolaram-no em um colchão e transportaram-no, por meio de uma bicicleta, até um “Campo de Tiro do Exército”, imediações do “Cerro da TV”, localizado na rua do Acampamento, Bairro Passo do Príncipe, local em que atearam fogo na vítima com ela viva, causando lhe a morte por “carbonização”, conforme laudo de necropsia.
Foram ouvidas duas testemunhas, uma de acusação e outra da defesa. A testemunha de acusação foi um policial civil que afirmou que uma pessoa sozinha não poderia carregar o corpo cerca de 800 a 900 metros. “Na investigação, chegamos à conclusão que a vítima foi torturada e carregada até o campo, onde foi carbonizada. Uma pessoa sozinha não conseguiria”, explicou.
O policial civil ainda destacou que seria por tráfico de drogas a briga deles e que esses crimes violentos assim, geralmente, são devido a dívidas de drogas. “Ouvimos algumas pessoas do bairro e eles informaram que Lopes teria afirmado que matou Iago, falando no local. Ele foi encontrado alguns dias depois, escondido em uma chácara na Hulha Negra”, complementou.
A segunda testemunha, arrolada pela defesa, deu abrigo para Lopes, quando ele foi para Hulha Negra. O depoente contou que não sabia que ele tinha ido foragido para Hulha Negra e achava que ele tinha ido para trabalhar lá 'fora', no corte de lenha. Ele ainda complementou dizendo que não sabia do crime e nem que o réu estava foragido no local.
Depoimentos
O primeiro réu a ser ouvido foi William Gonçalves, que fez o depoimento via internet, pois sentiu-se mal e foi levado para o Presídio Regional de Bagé (PRB). De lá, usou o direito constitucional de permanecer calado.
Após foi ouvido o réu Gularte, que negou envolvimento na morte da vítima. “Eu estava alcoolizado e também havia usado crack. Vi o Péter carregando um colchão na bicicleta e fui ajudar ele, mas daí perto do mercado o Iago caiu de dentro do colchão e ele tava ofegante, tava vivo e machucado. Daí levamos até o campo de tiro, depois eu fui embora, não sei quem ateou fogo nele”, falou.
Uma testemunha no inquérito policial contou que todos estavam na casa, o que foi negado por Gularte quando questionado pelo Ministério Público. “Não tava na casa antes, eu tava sozinho bebendo, fiquei sabendo só depois que eles tinham colocado fogo no Iago”, completou.
Já Lopes, em depoimento, disse que não matou Iago e que sabe quem matou, mas, por segurança, não podia falar. “Eu fui lá para apenas buscar umas roupas, porque eu tava trabalhando em Candiota e então ia pegar umas coisas e ir para Hulha Negra, pois estavam pagando mais. Cheguei na noite, fomos na casa do William conversar. Quando cheguei o Gularte foi embora em seguida, eu tinha uma 'rixa' com o Iago, mas não matei ele”, alegou. Ele ainda destacou que não fugiu para Hulha Negra, porque ele já iria para lá trabalhar.