Região
Aluno de escola estadual é convidado a ilustrar livro sobre um menino cego que ama jogar futebol
por Jaqueline Muza
Foi por meio do talento para desenhar que Rhuan Silva Freitas, 16 anos, viu a sua vida mudar completamente em pouco tempo. Ele está ilustrando uma obra do autor Gaudêncio Terra, realizada em parceria com o artista visual Caio Batista. O livro chamado “André, o goleador inacreditável”, conta a história de um menino cego que ama jogar futebol. A parceria começou quando o aluno do 1° ano do Ensino Médio da Escola Nossa Senhora da Assunção, de Caçapava do Sul, foi chamado a participar do projeto “Conhecendo o mundo através das telas do computador e fazendo novas amizades” da professora estadual Lorena Cassol. A atividade engloba mais três escolas caçapavanas: Januária Leal, Cônego Ortiz, Gladi Machado Garcia, todas de abrangência da 13ª Coordenadoria Regional de Educação e também a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) da cidade.
O projeto consiste em reunir figuras que trabalham com arte para apresentar locais do mundo por meio de aulas virtuais e Batista foi um deles. Rhuan, como ex-aluno do Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Cônego Ortiz, foi chamado para ser o destaque do projeto. Diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista grau dois, ele tem o talento natural para desenhar e foi isso que fez com que o artista visual chamasse o jovem para as realizar as ilustrações. “Eu fui chamado pela Lorena para apresentar o meu trabalho aos alunos e foi aí que conheci o Rhuan e o talento dele. Neste meio tempo, o Gaudêncio me chamou para ilustrar um livro dele sobre um menino cego que ama jogar futebol e eu abri mão. Disse para ele: quem sabe nós colocamos as crianças para fazer os desenhos e então lembrei do Rhuan”, explica.
Os encontros deles são virtuais, duas vezes na semana, através do celular. Segundo Batista, eles leem um trecho do livro, começam a elaborar a cena e Rhuan logo começa a desenhar. Com noção de perspectiva, luz e sombra e profundidade, a cada encontro o estudante aperfeiçoa mais a técnica.
A mãe de Rhuan, Maria Rejane da Silva, diz que a experiência está sendo gratificante para a família e que o filho desde pequeno tem a vontade de ser desenhista. “Ele me dizia: mãe imagina se eu for cartunista um dia, igual ao Mauricio de Sousa, pois era fã da Turma da Mônica. ”, lembra. O aluno conta que está sendo muito legal ilustrar o livro. “Já estou na metade dos desenhos e quando termino envio para o Caio que manda para o Gaudêncio. Acho que o Gaudêncio está gostando do resultado, eu acho que está à altura, com as ideias do Caio e algumas dicas que eu dou às vezes”, comenta.
De acordo com Terra, o livro faz parte de uma coleção com mais quatro exemplares que falam sobre personagens especiais. “Um autista, um cadeirante, um deficiente visual, um auditivo e um síndrome de down”, relata. O escritor conta que esta troca junto a Batista e Rhuan, está sendo de aprendizado e também ensinamento, pois ele também é portador de deficiência física. Terra teve uma Amputação Transtibial depois que começou a escrever os livros em 2016. “As obras são inspiradas em histórias reais. Nossa coleção mostra que ser diferente é normal. São pessoas reais apenas dando seu jeito de viver a vida”, enfatiza.
O autor comenta que para divulgar os livros, está indo nas cidades que os protocolos sanitários permitem e os apresentando em ambientes escolares, por exemplo. O livro será lançado no mês de agosto.