Cidade
Projeto Aluadas busca garantir dignidade menstrual para pessoas de baixa renda
por Melissa Louçan
O projeto que iniciou através de uma escolha pessoal se expandiu e hoje atende centenas de pessoas em Bagé e região. Criado pela publicitária Carolina Dias Ferreira, o projeto Aluadas busca combater a pobreza menstrual e desmitificar os tabus que envolvem o tema menstruação. Ela conta que quando parou de utilizar absorventes, ficou em dúvida sobre o que fazer com o estoque que tinha do item. Em busca de inspiração, conheceu o projeto “Tô de Chico”, do Rio de Janeiro e, pouco tempo depois, em julho do ano passado, deu início ao projeto, ainda sem nome, com a iniciativa de doar absorventes para pessoas em situação de vulnerabilidade.
Com a crescente visibilidade da iniciativa e a participação da comunidade, nomeou a ideia como Aluadas. “Por causa das lunações das mulheres, que são suas menstruações, e também pela alteração hormonal que acontece durante esse período e que faz com que o humor mude”, explica.
De forma voluntária e sem apoio de entidades ou órgãos públicos, começou a inserir as doações de absorventes nas cestas básicas doadas para famílias pelo centro espírita que frequenta, Bom Samaritano.
O projeto começou a ser expandido há cerca de dois meses, em parceria com o Movimento Solidário de Mulheres de Bagé, que já tem uma rede de assistência a famílias de baixa renda do município, o que facilitou para rastrear a necessidade da população e a entrega. “Em abril, uma seguidora minha do Instagram, a Eduarda Machado, estava montando cestas básicas para doar para famílias prejudicadas pela pandemia e, em parceria com ela, foram doados 50 kits de absorventes (cada kit contém seis absorventes). E assim a rede de contato foi aumentando. Através da Eduarda eu conheci o Movimento Solidário de Mulheres de Bagé, do qual eu faço parte hoje”, explica.
No momento, o projeto atua mensalmente em parceria tanto com o Movimento Solidário quanto com o Centro Espírita Bom Samaritano. E para garantir a arrecadação de produtos necessários - que também incluem outros itens íntimos - Carolina e a mãe, Deize Mara, braço direito no projeto, realizam ações solidárias, como o sorteio de uma cesta de Dia dos Namorados e brechó lançado no último mês. “Ainda não aconteceu o brechó, pois estou na fase de receber as roupas e separá-las. A ideia é realizá-lo no mês de julho, na garagem da minha casa (João Telles, nº 1.615). Os preços serão bem acessíveis para que pessoas carentes possam adquirir as peças”. Ela ressalta que toda a verba arrecadada será destinada para a compra de absorventes.
O foco principal do projeto é a doação de absorventes, mas também recebe doações de peças íntimas, como sutiãs (em bom estado) e calcinhas (novas) A idealizadora segue em busca de novas parcerias para expandir o projeto e transformá-lo em ONG, além de buscar atuação em outras cidades. “Em Aceguá, fiz parceria com o Centro Espírita Amor e Paz, com a doação de uma caixa com 250 absorventes. E em Pelotas estamos fazendo parceria com o projeto Juraci, que também é um projeto social de arrecadação de roupas e alimentos, que deve realizar a entrega em julho”, conta.
Nas redes sociais, além de ações do projeto, Carolina também apresenta conteúdos sobre pobreza menstrual e a falta de absorventes. “Precisamos derrubar o tabu sobre menstruação e entender que isso é um assunto normal e de suma importância para toda sociedade. Precisamos ir à luta para garantir a dignidade menstrual”, destaca.
O trabalho de Carolina frente ao projeto “Aluadas”, pode ser acompanhado através do perfil da idealizadora no Instagram (@cacadf) e o contato para doações pode ser realizado através do telefone (53) 991118412.