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O piano não pode parar

Aline Fontoura de Leon Escritora

Em 27/03/2021 às 00:01h
Viviane Becker

por Viviane Becker

O piano não pode parar | ELLAS | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler

Era um dia ensolarado e fresco, típico de outono. Ela adorava a estação das folhas secas, do entardecer luminoso e do ar agradável. Vestiu uma calça de moletom e uma blusa meia-manga, colocou um tênis confortável, tomou café, ajeitou a máscara no rosto e saiu para caminhar um pouco.

Ultimamente, fazia isso com frequência. Gostava de observar, pensar, refletir... Naquele dia, estava particularmente sentimental; aliás, era um momento com tantas perdas e dor que não havia como estar indiferente. Percebia que a pandemia externa era evidente, mas existia a pandemia interna de cada um. Apesar da existência do vírus, a vida continuava e, junto, todas as lutas diárias.

Lembrou que, desde menina, se interessava pelas histórias de superação, não somente as grandes guinadas, mas também os miúdos combates que acontecem com todos. Não há nada mais potente que o enfrentamento de situações adversas que exigem de nós uma força extraordinária. A vida é um eterno superar... A principal batalha é aquela que acontece em silêncio, pois quem pode adivinhar o quanto o outro precisa esforçar-se para viver o dia? Todos temos segredos.

De vez em quando, sentia o ar fresco batendo em seu rosto e desalinhando os cabelos que voavam em todas as direções. Avistava a cidade a qual, apesar de tudo, ainda pulsava: as vitrines já apresentavam a moda outono-inverno e os comerciantes sobreviviam. Entre um pensamento e outro, lembrou de uma cena, projetada na televisão, de uma senhora que tocava piano na casa destruída pela explosão em Beirute (Líbano). Uma imagem que a impactou pela intensidade do momento. Aquela mulher sabia que, mesmo na pior das tragédias, a esperança precisa sobreviver. Sempre há uma forma de continuar e, mesmo em meio à uma pandemia, como a que estamos vivenciando, crianças nascem, jovens se formam, outros casam, as flores enfeitam os canteiros e a música não para de tocar.

Enquanto andava percebeu, do outro lado da rua, a praça central da cidade, e as folhas caídas que embelezavam parte da calçada. A natureza é sábia, ensina sem cobrar nada, simplesmente mostra, escancara a realidade. As folhas, após um período em que estiveram viçosas, agora se rendem ao descanso e alteram o percurso. Mudam de cor, despencam para, mais tarde, voltarem com força.

Refletiu que esse é o movimento da vida: mudança, transitoriedade, e, sobretudo, surpresas - agradáveis ou não. A experiência humana é muito mais do que ter, adquirir, ostentar e consumir. Neste mundo que está se reinventando não haverá mais espaço para superficialidades. Não será uma questão de escolha e sim de necessidade, sob pena de os recursos não serem mais suficientes para sustentar e abrigar toda a humanidade. A transformação, assim como ocorre no outono, será inevitável.

Estava tão distraída que quase não percebeu que já era hora de voltar para casa, os afazeres a esperavam e o dia iria, de fato, começar a acontecer... 

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