Esportes
“Foram anos maravilhosos, mas chegou ao fim”, declara Daiane Bagé
por Yuri Cougo Dias
Referência do futebol feminino bajeense, a zagueira Daiane Menezes Rodrigues, 37 anos, conhecida como “Daiane Bagé”, anunciou, em suas redes sociais, o desligamento do São José dos Campos (SP), onde estava há 11 anos. Segundo postagem da zagueira, a saída foi comunicada pelo próprio clube, levando em consideração as dificuldades que a jogadora têm enfrentado para voltar aos gramados.
Para contextualizar melhor, Daiane lida com sucessivas lesões desde 2013. A primeira com mais gravidade foi o rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho direito. Em abril de 2017, Daiane teve a mesma lesão, só que no joelho esquerdo. E, em outubro de 2018, quando retornava ao ritmo ideal, teve uma situação atípica: o rompimento de um pedaço da cartilagem do joelho.
Desde então, a zagueira bajeense passou por um processo de recuperação. O primeiro passo foi a realização de uma cirurgia, em fevereiro de 2019, em São Paulo. A demora para o procedimento ocorreu devido à necessidade da busca de uma nova membrana para implantar no joelho, no lugar da parte que estava solta a cartilagem. Ou seja, ocorreu um processo de reconstrução. No começo de 2020, a zagueira retomou os primeiros treinamentos, mas, veio a pandemia e o São José interrompeu as atividades, e Daiane não conseguiu voltar mais às atividades.
Com teor de tristeza, Daiane lamenta o fato de não conseguir exercer mais a rotina que possuía. Entretanto, agradece o ciclo que viveu no clube paulista. “Meus agradecimentos às pessoas que sempre torceram por mim, de coração, a essa torcida maravilhosa que sempre nos apoiou em todos os sentidos, às pessoas que trabalham e realmente amam o futebol feminino de verdade, às minhas companheiras que lutam incansavelmente por essa modalidade tão sofrida e rejeitada por muitos. À minha família, que acreditou em mim quando nem eu mesma sabia se iria dar certo ou não, mas deu. Mãe, pai, avós, tios, primos, irmãos, sobrinhos, enfim, minha família. Aos meus amigos em geral e à minha companheira incansável, que sabe o tanto que sofri nesses últimos anos e sempre esteve comigo”, contextualiza.
Com uma trajetória com visibilidade nacional e internacional, Daiane espera que a luta do futebol feminino siga ainda maior em busca por visibilidade. “Foram anos maravilhosos (no São José dos Campos), mas chegou ao fim. Fica meu adeus, não como eu gostaria, mas eu respeito. O esporte mudou minha vida, me ensinou a ser melhor em todos os sentidos, me ensinou que somos todos iguais e que precisamos uns dos outros, mesmo muitos não querendo. Ah, futebol feminino, como seria minha vida sem ter você? Onde eu estaria? Só Deus sabe! A minha luta pela modalidade continuará incansavelmente, mostrando a todos que o futebol feminino é uma profissão. Encerro aqui um ciclo da minha vida, chorando muito porque eu amei e me dediquei de verdade a tudo. Senhor Jesus Cristo, me guie como sempre e obrigado pelo senhor existir na minha vida!”, concluiu no depoimento.
Agora desvinculada ao São José dos Campos (SP), a atleta fez parte de uma geração que colocou a seleção brasileira entre as principais do mundo, conquistando medalha de ouro nos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro (2007); vice-campeonato na Copa do Mundo da China (2007); prata nas Olimpíadas de Pequim (2008) e participações na Copa do Mundo na Alemanha (2011) e nas Olimpíadas de Londres (2012). Por clubes, a trajetória de Daiane foi a seguinte: Grêmio (2002); Palmeiras (2003 e 2004); Botucatu FC (2005 a 2009) e São José dos Campos (2010 a 2021).