Cidade
Bajeense ilhado relata tensão na enchente de Porto Alegre
por Melissa Louçan
A tragédia ambiental que assola o estado do Rio Grande do Sul tem deixado marcas profundas na população. E o bajeense Gustavo Guimarães Donatti, 35 anos, é testemunha do momento em um dos epicentros da crise: Porto Alegre. Ilhado desde quinta-feira na capital devido à enchente do rio Guaíba, ele compartilhou sua experiência em meio à calamidade.
Ele chegou à cidade na quinta-feira à tarde, a fim de tomar posse de cargo na Emater, na sexta-feira, e relata que quando estava chegando, a situação ainda não estava tão agravada, já que a água ainda não havia tomado as ruas: "A princípio a gente não pensou que fosse chegar numa situação tão grande, tão calamitosa".
Donatti está hospedado em um hotel no centro da cidade, entre a Rodoviária e o Mercado Público, em uma área relativamente elevada, na Avenida Alberto Bins. No entanto, mesmo ali, a água avançou consideravelmente: "A água está chegando aqui no meio da quadra, entre uma quadra e outra do hotel".
A situação na região é de desolação, com comércios fechados e presença constante das autoridades locais. "A gente consegue ver aqui muitas viaturas, o pessoal da Defesa Civil, Bombeiros, Azuizinhos, em toda a volta, principalmente fechando os acessos que dão literalmente à água", conta.
Inclusive, relatou preocupação com a contaminação da água, resultado da mistura com esgoto, e destacou os esforços das autoridades para garantir a segurança da população. Conforme conta, a polícia tem passado com auto-falantes indicando o fechamento de comércio e serviços não essenciais em função disto.
Com as pontes interditadas e a intensidade da enchente, a perspectiva de retorno para Bagé ainda é incerta. "A água está muito forte, as duas pontes estão interditadas. Então não tem nenhuma opção para sair daqui para o interior", diz ele
O bajeense relata que se a água subir mais e chegar mais próximo ao hotel, deve se deslocar para a zona sul, onde poderá se hospedar com familiares. Enquanto aguarda, Donatti permanece vigilante, monitorando a evolução da enchente no entorno. "O que assusta, assim, é que a gente fica com as mãos atadas, porque enquanto o tempo não melhorar, essa água não estiar e o vento ajudar, a perspectiva é muito ruim", finaliza.