Esportes
Guarany encerra campanha histórica e mira 2025 com novos desafios
por Yuri Cougo Dias
Acabou a jornada alvirrubra no Gauchão. Mesmo com os quatro gols sofridos para o Juventude, os torcedores que lotaram o Estrela D’alva, na noite de sábado, 9, aplaudiram de pé a saída dos jogadores do gramado. Atitude que é fruto do reconhecimento ao grupo que colocou, mais uma vez, o Guarany nos holofotes do Estado, voltando a ser respeitado na imprensa estadual e, inclusive, pelos próprios bajeenses.
É claro que o resultado deixou um sentimento de frustração aos torcedores, principalmente pela festa que foi feita nas arquibancadas do Estrela D’alva e pelo que estava em jogo. A vaga direta na Copa do Brasil não veio, mas o Guarany segue muito perto de conquistá-la se um dos clubes gaúchos se classificar para a Libertadores. Além disso, está garantido no Gauchão para o próximo ano e, também, com o inédito passaporte para a Série D do Brasileirão. Pela primeira vez, um time bajeense disputará uma competição nacional em jogos oficiais. E outro detalhe: Guarany x Juventude ficará marcado como o primeiro confronto na história do futebol bajeense com o uso do VAR.
Dentro desse Gauchão, o Guarany também ficou marcado por alguns números. Na quarta rodada, venceu o Internacional, por 2 a 1, quebrando um tabu de 56 anos sem vitórias. Depois das duas primeiras rodadas, emendou uma série de oito jogos invictos, que caiu apenas no último jogo da primeira fase, contra o Grêmio, na Arena.
Nas individualidades, destaque para o goleiro Rodrigo Mamá, que pegou três pênaltis na primeira fase (contra Santa Cruz, Novo Hamburgo e Avenida). O centroavante Michel, mesmo com a eliminação nas quartas de final, permanece no topo da artilharia do Gauchão, com cinco gols. Também há se destacar as jogadas de Wilson Júnior, que chamaram a atenção por todo o Estado. Dentro da seleção da primeira fase, elaborada pela GaúchaZH, o técnico William Campos, o mais jovem da competição, com 36 anos. Além de outros tantos valores do grupo de jogadores, comissão técnica, diretores e funcionários, que contribuem no dia a dia do clube, cada com seu papel.
A temporada encerra para o Guarany. Com os objetivos atingidos, dificilmente jogará a Copa FGF. O tempo sem futebol parece ser muito distante, mas daqui a 10 meses, uma nova pré-temporada será aberta no bairro Estrela D’alva, com ambições muito maiores. O alvirrubro bajeense terá pela frente mais uma Gauchão, uma inédita Série D do Brasileiro e, possivelmente, uma Copa do Brasil.
Copa do Brasil: o sonho segue próximo
Mesmo com a eliminação para o Juventude, o Guarany segue a um passo na Copa do Brasil 2025. Em síntese, precisa apenas que um clube gaúcho vá para a Libertadores. Por ter encerrado o Gauchão em quinto lugar na classificação geral, o alvirrubro é o primeiro suplente se um dos quatro semifinalistas obter a classificação para a competição sul-americana.
E dado os investimentos que estão sendo feitos pela dupla Gre-Nal, são grandíssimas as chances de esse contexto tornar-se real. Mas essa resposta só virá na reta final da temporada, possivelmente, nas rodadas finais do Campeonato Brasileiro. Mas como funciona essa distribuição de vagas para para a Copa do Brasil? Segue abaixo uma explicação mais aprofundada
A Copa do Brasil é constituída por 92 clubes. Desses, 12 entram direto na terceira fase, cujas vagas são preenchidas pelas equipes que se classificaram para a Libertadores; pelos campeões da Copa do Nordeste, Copa Verde e Brasileirão Série B; e pelos clubes melhores colocados no Brasileirão Série A (caso seja necessário para preenchimento das 12 vagas).
Os demais 80 clubes se classificam pelos campeonatos estaduais. As vagas para cada estado levam em consideração o ranking das federações, elaborado pela CBF. O Rio Grande do Sul tem direito a cinco vagas, distribuindo quatro pelo Gauchão e uma pela Copa FGF.
Ou seja, os quatro primeiros do Gauchão garantem vaga direta na Copa do Brasil. Só que com Inter, Grêmio e Juventude envolvidos na semifinal, a tendência é que pelo menos um se classifique para a Libertadores de 2025 e, logo, abrirá vaga para o melhor colocado seguinte, considerando a partir da quinta posição geral. E o Guarany é o primeiro da fila.
O que esperar para 2025 no Estrela D’alva
Um calendário de jogos de, no mínimo, janeiro a julho envolverá o Guarany na temporada de 2025. A começar com mais uma participação na Série A do Gauchão. Como dessa vez não terá o status de clube recém promovido, a expectativa é que a tabela reserve seis jogos em casa, em vez dos cinco que foram realizadas nas duas últimas participações, de 2024 e 2022.
Se confirmar a vaga para a Copa do Brasil, o Guarany já terá um confronto eliminatório em fevereiro, provavelmente com uma equipe de grande porte de divisão nacional. Seria a estreia do alvirrubro e do futebol bajeenses em competições nacionais.
Depois, em abril, começa a Série D do Brasileirão. A primeira fase se estende até julho, o que garantiria, pelo menos, sete meses de futebol no Estrela D’alva. Um calendário mais extenso acaba sendo um fator determinante para atrair jogadores. Pela conjuntura atual do futebol brasileiro, um time sem divisão nacional está fadado a jogar somente de dois a três meses no ano.
A própria diretoria do Guarany já viveu experiências de ter ofertas recusadas em detrimento de outras com salários até menores, mas que oportunizavam um calendário maior de jogos, garantindo um vínculo maior empregatício ao atleta. Em caso de classificação para os mata-matas da Série D, o alvirrubro poderia ser jogando até em agosto. Isso sem levar em consideração a Copa FGF, competição do segundo semestre, cuja participação é sempre uma incógnita.
Como funciona a Série D
A Série D é composta por 64 clubes, distribuídos em oito grupos regionalizados com oito equipes cada. Os quatro primeiros colocados de cada grupo se classificam para a segunda fase (32 times). A partir de então, iniciam os mata-matas, que se estendem até a final. Os quatro semifinalistas estão garantidos na Série C do ano seguinte. Vale lembrar que a Série D não tem vaga permanente, ou seja, a classificação provém anualmente da disputa dos estaduais.
Nos últimos anos, os gaúchos costumaram ficar no grupo 8, ao lado de times catarinenses e paranaenses. A tabela da edição de 2024 ainda não foi divulgada, contudo, já há definições dos representantes da região Sul do país: Paraná (Maringá, Cianorte e Cascavel); Santa Catarina (Hercílio Luz, Concórdia e Barra); e Rio Grande do Sul (Avenida, Novo Hamburgo e Brasil).
Para 2025, os três gaúchos já estão definidos: Guarany, Brasil e São Luiz. Pelo Paraná, Maringá, Cascavel e Azuris. E de Santa Catarina, as três vagas sairão de Barra, Hercílio Luz, Joinville ou Marcílio Dias. Estes serão os adversários do Guarany na Série D.
Mas como funciona os custos para jogar a quarta divisão nacional? Os dados de 2024 ainda não foram divulgados. Em 2023, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) distribuiu R$ 300 mil para cada uma das 64 equipes, mais R$ 100 mil para cada avanço de fase. No total, o investimento foi de R$ 25,4 milhões.
Além das cotas, a CBF também fez um aporte financeiro de cerca de R$ 80 milhões na organização da competição. A verba serviu para cobrir todas as despesas dos clubes com transporte, hospedagem, alimentação, custos de arbitragem e antidopagem, entre outros gastos para a realização das partidas.
Uma série de desafios juntos
Caso se mantenha para 2025, o Guarany teria essa cobertura de despesas pela CBF, mais a cota financeira. Tal perspectiva deixa o clube em patamares mais favoráveis, até mesmo, a visibilidade maior para obtenção de patrocinadores. No entanto, o grau de dificuldade se torna maior e, logo, os investimentos em folha salarial e estrutura também exigirão ainda mais trabalho da diretoria alvirrubra.
Os ajustes e intenso trabalho que houve durante a semana para implantação do VAR para Guarany x Juventude foi apenas uma mostra do cenário que espera o Guarany se deseja alçar voos maiores. Afinal, junto do brilho vem os desafios e as responsabilidades juntos. Então, apenas foi a bola rolando que acabou em março. Mas o trabalho nos próximos 10 meses será exaustivo para os abnegados diretores.
OS NÚMEROS DA TEMPORADA
A CAMPANHA
12 jogos
4 vitórias
4 empates
4 derrotas
12 gols marcados
19 gols sofridos
JOGOS
Guarany 1x2 Ypiranga
Juventude 4x0 Guarany
Santa Cruz 1x1 Guarany
Guarany 2x1 Inter
São José 1x1 Guarany
Guarany 1x1 Caxias
Brasil 1x1 Guarany
Guarany 2x0 Novo Hamburgo
Avenida 0x1 Guarany
Guarany 1x0 São Luiz
Grêmio 4x1 Guarany
Guarany 0x4 Juventude (quartas de final)
ARTILHARIA
Michel – 5 gols
Wilson Júnior – 2 gols
Tony Júnior, Micael, Mauri, João Gabriel e João Pedro – 1 gol cada
ASSISTÊNCIAS
Wilson Júnior – 3
Giovanni – 2
Arêz, Lessa, David e João Gabriel – 1 cada