Campo e Negócios

União entre sindicatos por regularização trabalhista marca safra de uva e azeitonas de Bagé

A tradicional época de colheita, assim como em várias regiões do país, estimula a movimentação de trabalhadores específicos, visando garantir que a safra ocorra dentro do prazo e fazendo a economia girar ao estimular o mercado local. E, em Bagé, onde uvas e azeitonas são colhidas na atualidade, um fato novo, este ano, chama a atenção: uma parceria entre os sindicatos patronal e dos trabalhadores visando a regularização de todos os contratados.

Em entrevista exclusiva ao JM, José Érico Souto, segundo vice-presidente da Associação e Sindicato Rural de Bagé, abordou sobre esta novidade e os desafios enfrentados pelos trabalhadores e empregadores. Um dos principais pontos destacados foi a exatamente a recente união sindical para conscientização sobre a importância da assinatura das carteiras de trabalho.

Uma das soluções apresentadas é a adoção do contrato intermitente, previsto em lei, que permite que os trabalhadores tenham diversos contratos intermitentes na carteira sem interferir em seus direitos previdenciários. "Faz com que a pessoa receba, seja recolhido o Fundo de Garantia e tudo. E, ao término do contrato, a pessoa pode retirar o seu Fundo", resume. No entanto, Souto ressaltou que há uma resistência significativa por parte dos trabalhadores em aceitar esse tipo de contrato, principalmente entre aqueles que recebem benefícios de programas sociais e temem perder esses benefícios ao assinar a carteira de trabalho. "Para combater essa resistência, são realizados esforços de conscientização sobre os benefícios do contrato intermitente e a importância da regularização trabalhista", destaca.

Além disso, Souto destacou a necessidade de treinamento adequado para os trabalhadores, especialmente aqueles envolvidos na colheita de uva e azeitonas. Embora ainda haja desafios na implementação desses programas de treinamento, a intenção é fornecer orientação técnica sobre as práticas de colheita e garantir que os trabalhadores estejam devidamente preparados para suas funções.

As articulações são balizadas por Milton Brasil, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. "Nós temos reunião em conjunto entre os dois sindicatos para orientar a forma certa de contratação. Carteira assinada, inclusive, no caso dos diaristas", detalha.

Setor aquecido
Quanto à projeção das contratações para esta safra, José Érico observou um aumento significativo na demanda por trabalhadores, especialmente devido à expansão da olivicultura na região.

Embora os números exatos variem, estima-se que até 200 trabalhadores estejam envolvidos diariamente na atividade de colheita de ambas as cultura, representando um aumento significativo em comparação com anos anteriores. Conforme relata, até então, apenas com a uva, eram em torno de 40 profissionais absorvidos a cada dia e, agora, mais que triplicou.