Urcamp
Judicialização da vida marca a abertura da 43ª Semana Jurídica do Direito
Até a próxima sexta-feira, 16, acadêmicos e professores ampliarão temas diversos dentro do extenso cenário jurídico
por Redação JM
O retorno de uma semana jurídica presencial após a pandemia também foi motivo de celebração. O auditório do Complexo do Museu Dom Diogo de Souza da Urcamp mobilizou, na noite de segunda-feira, dia 12, uma plateia atenta em absorver conhecimento.
A acadêmica Amanda Geisler reforça a ideia de que as relações acadêmicas reforçam o aprendizado. “A Semana Jurídica é importante, principalmente, pela questão de ter contato com egressos e alunos atuais do curso e que a gente possa ampliar o conhecimento, assim conseguimos ampliar os assuntos de sala de aula e contato direto com nossos professores, é uma oportunidade para todos”, avalia.
A palestra da noite foi com o desembargador aposentado do TJ-RS, Genaro Borges. Ele falou sobre a “Judicialização da vida”, onde relata casos onde os gestores públicos são apontados pelo Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público e Justiça Eleitoral.
Com larga experiência, criticou o Estado e o acúmulo de processos que se arrastam na Justiça e atravancam o sistema. Ele destacou a importância de poder contribuir com os acadêmicos, através da vivência. “Um dever que temos é o de transmitir conhecimento, experiência e, se me atrevo dizer, alguns conselhos para esta meninada que está se formando. Eu vivi a transição desde a máquina de escrever até chegar na digitalização, então posso contribuir e venho com muito prazer”, justifica.
O desembargador aposentado questiona o sistema, que, segundo ele, faz a comunidade acadêmica entender uma equação desencontrada. “Nós temos, no Rio Grande do Sul, 11 milhões de habitantes e temos seis milhões de processos em andamento. Alguma coisa está errada. No Brasil, são 80 milhões de processos para uma população de 200 milhões, não fecha. Por quê que a vida está judicializada?”, questiona. Ele argumenta que uma das formas para resolver o problema é incentivar a cultura da conciliação. E a outra forma é o estado cumprir a lei e as decisões judiciárias. "O estado é um dos maiores clientes do sistema judiciário do Brasil, porque não cumpre a lei, porque não cumpre a própria decisão judicial”, aponta.
Natural de Encruzilhada do Sul, Genaro José Baroni Borges é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da UFRGS. É professor da cadeira de Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade Luterana do Brasil, campus de Cachoeira do Sul. Exerceu a advocacia por 32 anos. Em 1998, foi nomeado desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, como representante da classe dos Advogados. No TJ, integrou a 20ª Câmara Cível, o 1º e o 11º Grupo Cível e o Órgão Especial.
Para o coordenador do curso de Direito da Urcamp, professor Dr. Rafael Moreira, a Semana Jurídica é essencial. "Primeiro porque estamos resgatando a grandeza do curso através da presencialidade. Nossa programação foi discutida entre acadêmicos e professores. Então o protagonismo dos alunos é fundamental para que esse evento tenha sucesso. É uma alegria muito grande para a nossa comunidade do curso do Direito poder realizar um evento assim”, ressalta.