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Família venezuelana quer começar vida nova em Bagé

Publicada em 13/06/2019
Família venezuelana quer começar vida nova em Bagé | Cidade | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Flor, Karlianny, Juan Carlos e Zerpa

por Mário Pereira
Acadêmico de Jornalismo da Urcamp

"Não tem trabalho. A crise está muito grande lá, assim tivesse dois empregos, o salário não dá para comprar o básico. Nem comida, nem medicamentos. Nada". Assim relatou a situação enfrentada pela Venezuela Juan Carlos Betancourt Zerpa, de 32 anos, que mora em Bagé há quatro meses. Acompanhado da esposa, Flor Lopez, de 35, e dos filhos Juan Carlos, de 12, e Karlianny, de um ano e oito meses, ele deixou o país para tentar uma vida nova no Brasil.
Escapar da crise econômica e política que afeta a vida da população venezuelana foi o que motivou Zerpa a deixar para trás sua vida na cidade de Maturín, de 300 mil habitantes, no Estado de Monagas, há 500 quilômetros da capital Caracas para se aventurar em território brasileiro. No País, deixou a casa própria, os pais e tios, com quem mantém contato diário através de aplicativo de mensagem e das redes sociais. "Eles ficaram porque não querem abandonar a casa. Deixar as coisas lá atiradas", lamenta.
Foi em fevereiro de 2018 que Zerpa decidiu vender sua moto da marca Bera, 200 cilindradas, para conseguir o valor da passagem até a fronteira com o Brasil. "Com parte do dinheiro comprei a passagem e o restante deixei para minha esposa comprar comida", lembrou. Após três meses em Boa Vista, capital de Roraima, juntou dinheiro trabalhando na construção civil para trazer a esposa e os dois filhos, onde residiram até janeiro de 2019. Em Boa Vista, a família dividia um pequeno apartamento com a família do irmão dele.
Pouco antes de serem deslocados para Bagé, a família do irmão migrou para o Peru. "Em seguida, conhecemos a Igreja, onde nos ajudaram e nos enviaram para cá", comentou Zerpa. O casal recebe ajuda da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (popularmente conhecida como Igreja Mórmon), que, atualmente, paga as despesas de aluguel, água, luz e fornece alimentação e vestimenta.

O difícil caminho por um emprego

Há quatro meses, a família está residindo no bairro Santa Flora, em Bagé, em uma residência alugada pela igreja. Neste período na cidade, Zerpa trabalhou dois meses em um emprego temporário na construção civil, mas, há três semanas, está desempregado. Todos os dias, sai de casa com alguns currículos para distribuir, com a esperança de voltar com a notícia de ter conseguido uma oportunidade no mercado de trabalho. "Espero ter um emprego estável para dar um futuro melhor para meus filhos. Ter a possibilidade de dar estudo a eles, já que, na Venezuela, eles não têm a oportunidade de ter nada disso. Então, espero conseguir aqui em Bagé, aqui no Brasil, um futuro para meus filhos", enfatizou Zerpa que, na Venezuela, concluiu o ensino médio técnico em Administração. Ele que é natural de Ciudad Bolívar e residiu, desde os 12 anos, em Maturín. Ali, trabalhou como auxiliar de mecânica pesada, auxiliar de padeiro, em uma fábrica de argamassa e, nos últimos cinco anos, em uma empresa de acabamentos com gesso.

Adaptação: idioma e clima diferentes

Zerpa já consegue arriscar algumas palavras em português. Mas sua esposa, Flor, está tendo maior dificuldade com o idioma, devido ao fato de ficar mais tempo em casa para cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos. Através de uma iniciativa do Curso de Letras da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Flor está tendo a oportunidade de apreender a língua portuguesa com aulas duas vezes por semana.

Já o filho do casal, Juan Carlos, de 12 anos, foi matriculado na Emef General Emilio Luiz Mallet. "Ele está gostando muito da escola", comentou Flor, orgulhosa ao dizer que o jovem será transferido do segundo ano do primário, para o quinto, depois de uma avaliação da escola na semana passada.

A reportagem do jornal MINUANO foi conversar com a supervisora da escola, Fernanda Coutinho, que relatou que quando chegou a transferência de Juan Carlos, do Estado de Roraima para Bagé, ele foi matriculado no segundo ano do Ensino Fundamental. Mas, desde então, houve a preocupação com sua adaptação, já que os demais alunos da turma são de idade muito inferior.

Segundo explicou Fernanda, na semana passada, depois de procurar orientação da coordenação dos anos iniciais da Secretaria Municipal de Educação, a escola aplicou uma Prova de Avanço para Juan Carlos, que teve acompanhamento da professora de espanhol da escola. "Ele se saiu muito bem, não mostrou nenhuma dificuldade nas matérias apresentadas", enfatizou.

Para ajudar em seu desempenho no quinto ano, Juan Carlos terá aulas de reforço oferecidas pela escola. "Ele se adaptou muito bem. Consegue se comunicar com um 'portunhol' bem claro. Já está bem entrosado, inclusive nas atividades extraclasse, principalmente no futebol", ressaltou Fernanda.

A chegada do inverno é outro obstáculo a ser enfrentado pela família em Bagé. "Onde morávamos não faz frio. É calor o ano todo", disse Flor, ao dizer que estão estranhando um pouco a temperatura. Quanto à acolhida dos moradores da cidade, Flor se sente agradecida. "Os vizinhos são muito solícitos. Sempre nos perguntam se não precisamos de nada", relata.

Migração venezuelana

O número de venezuelanos que deixaram o país já chega a 4 milhões, anunciou, no dia 7 de junho, a Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Globalmente, os venezuelanos são um dos maiores grupos populacionais deslocados de seu país.

Os países latino-americanos estão recebendo a vasta maioria dos venezuelanos. A Colômbia é o destino mais procurado, com mais de 1,3 milhão. Seguida do Peru, com cerca de 800 mil; do Chile, com cerca de 300 mil; e do Brasil, com pouco menos de 170 mil imigrantes.

Mesmo com número significativo de refugiados venezuelanos no Brasil, o registro na cidade ainda é pequeno. Em levantamento realizado pelo Jornal MINUANO, pelo menos quatro famílias estão residindo na Rainha da Fronteira. Duas assistidas pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e outras duas que buscaram auxílio da Secretaria de Assistência Social, Habitação e Direitos do Idoso.

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