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O irmão mais velho

Em 04/05/2024 às 17:10h, por José Carlos Teixeira Giorgis

            
Há pouco meu irmão mais velho atingiu uma idade provecta. O adjetivo tem sentido meramente retórico, embora possua a restrição ambulatória, justamente ele que se vangloriava de pouco dirigir, preferia as caminhadas para chegar a seus objetivos (foro, correio, banco, casa).

Era o único dos filhos que tratava nossos pais pelo nome próprio desde criança, embora o respeito e afeto que sempre lhes dedicou. Alfabetizou-se recordando as letrinhas dos jornais que o pai assinava. Também assim com as operações aritméticas. Quando frequentou as primeiras aulas, já sabia ler e escrever. É interessante a relação que a gente mantinha com o irmão mais velho em épocas de colégio. Tempos em que os uniformes e os livros adotados passavam de um aos outros, até mesmo os cadernos com os rabiscos constituíam legado para quem sucedia depois. Numa fala recente lembrei do exame de admissão.

Meu irmão teve uma classificação destacada, com duas notas dez nas matérias questionadas (português, matemática, história e geografia). No ano seguinte tocou-me fazer a mesma prova. Bem preparado pelas aulas de dona Gilda e dona Noca, repeti a façanha, todavia sem alguma nota “dez”. Quando cheguei perto de casa, o pai estava na porta e constrangido me escondi alguns minutos na esquina da casa do Dr. Nicanor Médici, temeroso de alguma censura - que não ocorreria - por não haver imitado meu irmão. Quase sempre ele foi o primeiro de sua classe no ginásio, assim ainda no quadro de honra do colégio, onde se digladiava com o depois ministro do STF José Néri da Silveira. No Rosário, procedeu também assim, na faculdade quase se laureou, não fora rusga com um professor. Fomos juntos para o internato dos maristas em Porto Alegre, moramos também na mesma pensão familiar, eu aceitava sua supervisão e conselhos, pois assim se deve ao irmão mais velho.

Advogado, pautou a carreira pela ética e observância rigorosa da bíblia profissional. Fez apenas um júri, para anotar em sua biografia o exercício de todos os institutos jurídicos. Presidiu a subseção da OAB por uma dezena de anos. Às suas expensas, viajava para outras cidades, buscando juízes e promotores que viessem preencher vagas existentes no foro de Bagé, com que adquiriu especial atenção e amizade com muitos magistrados e colegas. Quando ainda não havia a indicação das classes para o tribunal, foi sondado algumas vezes para ser desembargador, preferindo manter-se na cidade, pois almejava somente viver como advogado. Também exerceu, em alguns eventos, o magistério de educandários públicos e privados, também na faculdade de Direito.

Seus alunos se recordam da seriedade que dedicava a tais afazeres, sempre especialmente preocupado com a boa maneira de escrever e dizer, as aulas formais, o ensino das regras do direito e de sua deontologia. Com o mesmo espírito fez parte de clubes sociais e de serviço, onde deixou a lembrança de correição, disponibilidade e apuro. Suas colunas jornalísticas, que teima não publicar, constituem o repositório da memória bajeense, onde procurava sempre ditar notícias que contassem o sucesso de algum conterrâneo, com raras críticas, quase sempre positivas e incentivadoras. Viúvo, embora os apelos dos filhos, parentes e amigos, preferiu a solidão do lar, no meio de livros e recordações. Essa, em pálida homenagem, é a fotografia incompleta do George, meu irmão mais velho. Que chegou à idade dos sábios.

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